Um guia para proteção efetiva contra COVID-19


Uma pequena nota antes de começarmos: gostaria de pedir licença para falar sobre algo que não é minha área de formação e atuação. Escrevo esse texto pois tenho ficado atento a especialistas que falam sobre proteção contra COVID-19 e gostaria de compartilhar tudo que tenho aprendido sobre isso. Acho que esses conhecimentos podem ser úteis para outras pessoas e podem ajudar a salvar vidas. Mesmo não sendo minha área de formação e atuação, prometo embasar todas minhas afirmações (ou informar quando elas não estão embasadas) de acordo com os melhores consensos científicos de especialistas da área. 
Se você encontrou algum erro, discorda de algum ponto ou não entendeu alguma coisa, por favor, entre em contato comigo. Estou aberto ao diálogo e minha intenção aqui é apenas ajudar!

Como você tem se protegido da COVID-19? Usando máscaras laváveis e dando banho de álcool 70% no saco de feijão que você traz do mercado? E se eu disser que isso que você faz está longe de ser a forma de proteção mais efetiva e que é possível se proteger de um jeito mais fácil, mais eficiente e menos trabalhoso contra a COVID-19?

Essas formas de proteção foram muito difundidas no começo da pandemia e certamente salvaram muitas vidas. Mas hoje sabe-se mais sobre como o novo coronavírus se propaga e sabe-se que há limitações em se proteger assim. Também temos acesso à equipamentos de proteção melhores. Por exemplo, hoje temos acesso à máscaras mais eficientes que inclusive são usadas por médicos intensivistas em UTIs de COVID-19 sem se infectarem. Precisamos repensar em como nos proteger.

Um jeito diferente de pensar sobre segurança

Quando eu trabalhava com drones, tive a oportunidade de estudar sobre segurança em aviação. Uma das coisas que aprendi é que não existe risco zero. Todos os projetos de aviões que existem tem uma margem de risco calculada e considerada para acidentes catastróficos. No caso da aviação, o risco é baixíssimo, menor que 0,00000001 por vôo. Mas ele existe. 

O motivo de aviões terem permissão para voar mesmo com algum risco, ainda que baixo, é que é inviável construir um avião com risco zero. É inviável tecnicamente e mesmo que não fosse, seria inviável economicamente porque os voos seriam muito caros.

De forma análoga, penso que isso vale para a COVID-19: não existe nada que possamos fazer para que exista risco zero de nos infectarmos. É importante ter isso em mente, porque sempre haverá riscos. Por isso precisamos entender quais são esses riscos para torná-los cada vez menores. Por exemplo: uma forma de mitigar esses riscos é utilizando máscaras melhores.

Sei que pode parecer um disparate discutir qual é a melhor máscara de proteção quando, infelizmente, boa parte da população não usa nenhuma. Mas é justamente por isso que devemos ter essa discussão: como boa parte da população não se protege de maneira adequada (seja por ignorância, descaso ou maldade), devemos nos proteger de forma ainda mais efetiva para evitar ao máximo sermos contaminados.

Quando trabalho com desenvolvimento de software, uma das técnicas que uso é sempre desenvolver as partes mais importantes do software antes, porque assim entrego primeiro o que é mais útil. Quanto à proteção contra COVID-19, eu penso de maneira semelhante. Penso que devemos focar e trabalhar mais fortemente no que nos protege mais primeiro, e deixar o que é menos eficiente para depois. 

Assim, direcionamos nossa ansiedade para o que vai nos deixar sofrendo menos riscos e não ficamos com uma falsa sensação de segurança tomando atitudes que na verdade pouco contribuem para nossa proteção.

Por que devo mudar a forma com que me protejo?

Infelizmente, há muito ruído político e de marketing empresarial sobre a COVID-19. Políticos querem ganhar politicamente em cima da situação ou - principalmente - não serem associados ao desastre que passamos. Empresas querem aproveitar a onda e vender produtos ineficientes ou marginalmente melhores. Devido a isso, é muito difícil achar informações adequadas e corretas de proteção.

Com o que sabemos hoje, é possível diminuir drasticamente a chance de contrairmos COVID-19 a valores muito baixos. Isso é ainda mais importante quando estamos diante de novas variantes do vírus que, segundo especialistas, são mais transmissíveis e nos deixam mais tempo em hospitais.

Falando em hospitais, uma das ideias que se convencionou é que a existência de leitos de UTI livres permite que a população possa levar uma vida relativamente normal. Quem defende essas ideias, contudo, nunca expõe a taxa de mortalidade de pacientes de COVID-19 internados em UTI: mais de 40% deles morrem.

Ser internado com COVID-19 na UTI de um hospital não é uma garantia de voltar pra casa: é na verdade uma roleta russa com metade do revólver carregado. E mesmo que a pessoa sobreviva, ainda corre o risco de ter sequelas que ainda não sabemos se ficam para sempre ou se somem com o tempo.

Se proteger mais significa, ainda, diminuir a chance de infectar e matar um ente querido. E se você conseguir convencer seu ente querido a melhorar sua proteção, a chance de perder alguém vai ser ainda menor.

Um dos pontos centrais do que vou falar aqui consiste na utilização de máscaras PFF2 no lugar das máscaras de pano. Essas máscaras oferecem nível de proteção muito maior (>=94%) enquanto máscaras de pano hoje tem proteção limitada (embora ainda muito melhores que não usá-las). 

Não só isso: você pode não acreditar, mas PFF2 em geral são mais confortáveis que máscaras de pano. Particularmente, nunca me dei bem com elásticos atrás das orelhas das máscaras de pano. Em uma ou duas horas de uso minha orelha começa a doer. E não só isso: a proteção de máscaras de pano é apenas mecânica, enquanto máscaras de PFF2 oferecem proteção eletroestática. Isso não só implica em maior proteção das máscaras PFF2, mas como também pode proporcionar um maior conforto respiratório já que ela não precisa de camadas e mais camadas de pano sobre seu nariz.

Só que antes de falar sobre nossa forma de proteção, precisamos entender antes sobre como o coronavírus é transmitido.

Como o coronavírus é transmitido e quais os lugares mais perigosos?

O coronavírus é transmitido principalmente pelo ar, pelas mucosas respiratórias. A transmissão pelas superfícies é rara. É possível, mas é rara. Da mesma maneira, a transmissão aérea pelos olhos é possível, embora também seja rara. Já a transmissão aérea pelas mucosas respiratórias se dá por duas maneiras: por gotículas de saliva infectadas que expelimos conforme falamos ou respiramos ou gotículas pequenas, chamadas aerossóis. Esses aerossóis ficam suspensos no ar por várias horas e podem nos infectar.

Devido a isso, em geral, o risco maior de se transmitir COVID parece estar mais associado à má ventilação e aglomeração de pessoas. Em ambientes fechados e mal ventilados, o distanciamento de 2 metros entre pessoas não é suficiente para impedir a transmissão de COVID-19. 

Distanciamento social sem ventilação é talvez tão perigoso quanto não manter distanciamento.

Nesse vídeo da NHK, começando em 4:01 e indo até 5:00, há uma simulação das gotículas e aerossóis expelidos por uma pessoa tossindo. As cores das partículas indicam seus tamanhos, sendo que em azul são as partículas maiores e em vermelho são as partículas menores (aerossóis). Na simulação, em um minuto as partículas maiores caem no chão com a força da gravidade. Contudo, os aerossóis ficam suspensos no ar por vinte minutos.

(Se o vídeo não abrir, clique aqui para ir diretamente para 4:01)

Esses 20 minutos, contudo, não são o tempo de permanência máxima dos aerossóis no ar. Um estudo mostrou que aerossóis ficam no ar em quantidade viável para infecção por 3 horas. E frise-se: os experimentos foram parados depois de 3 horas. O que indica que o tempo máximo dos aerossóis é ainda maior.

A forma de mitigar esse problema é deixar sempre o ambiente aberto e ventilado. Pode-se utilizar ventiladores nas janelas para ajudar o ar a circular e se reciclar. A OMS lançou recentemente um guia de como garantir uma ventilação adequada contendo estratégias para ambientes residenciais e não residencias. Dentre as citadas, eu destaco:

  1. Abertura de janelas e ficar em ambientes onde não há tetos;
  2. Ventilação cruzada, isso é: não abrir apenas uma janela ou porta para ventilação, mas deixar sempre dois pontos onde o ar possa circular;
  3. Uso de ventiladores forçando o vento para fora das janelas para garantir a circulação do ar.

Note que um ar-condicionado em ambientes fechados vai na contramão da ideia de renovação de ar do ambiente. Para que o ar-condicionado esfrie o ar de forma eficiente, é necessário que o ambiente esteja o mais vedado possível. O ar-condicionado, então, apenas recicla o ar do local. 

Ficar em ambientes abertos e ventilados é imensamente mais efetivo e importante que lavar o saco de batata palha com álcool que trazemos do mercado. Especialistas ainda não dizem que há necessidade lavar as compras. Não há nada de mau em lavar as compras: exceto quando usamos isso para aplacar nossa ansiedade e acreditamos que isso basta para nos protegermos. Não basta. A contaminação por superfícies é muito mais rara do que a contaminação por ar. 

A revista Nature, por exemplo, publicou um editorial dizendo que as agências de saúde deveriam parar falar com ênfase sobre limpeza de superfícies e começar a dar a devida atenção a formas de prevenção de transmissão por ar. O próprio guia de ventilação da OMS é uma resposta a essa demanda.

Por isso, é importante estar ciente do ambiente que estamos e quais riscos ele nos oferece por transmissão por ar.

Diagrama com riscos de se pegar Covid. Há uma tabela mostrando as diferenças entre lugares mais ventilados e menos ventilados ou com mais ou menos aglomeração. Em geral, lugares mais ventilados e sem aglomeração demonstram pouco risco. Ao passo que lugares menos ventilados e com mais aglomeração demonstram mais riscos.

Diagrama demonstrando riscos de se pegar COVID em cada ambiente. Fonte: BBC

Além da circulação de ar, cabe falar também que ambientes onde as pessoas não usam máscaras estão entre os ambientes mais perigosos para propagação de COVID-19. Bares e restaurantes, por exemplo, entram nesse grupo. Pessoas em bares e restaurantes obviamente não usam máscaras quando estão se alimentando. Dessa maneira, as gotículas se espalham mais livremente. Se o ambiente do bar ou restaurante é fechado, essa situação é ainda mais grave.

O ideal é não se alimentar perto de ninguém, com exceção das pessoas que já convivemos. Quando estamos fora de casa porque estamos trabalhando, o ideal é almoçar fora do refeitório (como no carro) e não irmos em hipótese alguma à bares e restaurantes. Não há protocolo de segurança nenhum eficiente em bares e restaurantes: medir temperatura, tapetinho higiênico e álcool em gel na porta são medidas que melhoram apenas marginalmente a segurança.

Aparentemente, não há evidências de infecção por COVID-19 por meio da ingestão de comida. Dessa maneira, o risco ao solicitar comida por delivery parece ser baixo. O problema maior é estar em local com pessoas fora do núcleo familiar de convívio próximo, principalmente sem máscaras.

Nesses tempos difíceis, devemos nos esforçar pelo próximo e procurarmos ter nosso lazer em ambientes abertos e arejados e com poucas pessoas próximas.

Ambientes que "seguem todos os protocolos" são seguros?

Se o protocolo for medir a temperatura na entrada e oferecer álcool em gel, esse ambiente não é seguro. No Twitter, as pessoas chamam isso de "teatro da higienização", porque esse protocolo pouco influencia no que realmente transmite a COVID-19.

Quanto mais arejado e mais aberto, mais seguro é o ambiente. Todos devem usar máscaras sempre e deve haver poucas pessoas dentro desse ambiente. Procure sempre lugares com janelas abertas - principalmente com ventilação cruzada - e exaustão de ar. Higienizar as mãos é muito importante, e tão importante quanto é não ficar enclausurado com uma dezena ou centena de desconhecidos onde inevitavelmente alguém vai estar infectado.

A medição de temperatura em estabelecimentos funciona?

Raramente. Nem no pulso e nem na testa. A medição no pulso é fruto de uma difusão em nível nacional de fake news que diz que a pistola de medir temperatura faria algum mal. Isso não faz nenhum sentido: podemos dizer que a pistola é só uma câmera infravermelha de 1 pixel. Ela mede a radiação térmica que emitimos. É um sensor passivo e não ativo. A luz vermelha que é emitida pela pistola é apenas um laser vermelho, como dos apontadores de apresentação que usamos. É só luz.

Mas mesmo a medição de temperatura na testa não é muito útil: primeiro porque apenas uma pequena parte das pessoas infectadas desenvolve febre, segundo porque no período de incubação (onde já estão transmitindo o vírus) as pessoas não tem febre, terceiro porque um antitérmico vai enganar a pistola, quarto porque a temperatura medida deve ser a interna e não a da pele e quinto porque duvido que as pistolas utilizadas pelos estabelecimentos tenham algum certificado de calibração.

O que fazer então quando precisar sair de casa?

Resposta: Use uma máscara eficiente. 

Qual a máscara mais eficiente para proteção contra a COVID-19?

Lembro do começo da pandemia, antes da OMS definir que deveríamos usar máscaras, havia uma discussão sobre se valeria a pena instituir o uso delas, porque não haveria máscaras industriais para todos. Isso mudou. Hoje, embora ainda escassas, temos à nossa disposição máscaras de fabricação industrial que oferecem proteção melhor que as máscaras de pano.

Não me entendam mal: máscaras de pano salvam vidas. Usar uma é melhor que nenhuma. Mas elas oferecem limitações por três motivos:

  1. Como elas são caseiras ou feitas sem nenhum controle de qualidade, cada máscara oferece um nível diferente de proteção. É até difícil dizer o quanto elas protegem, porque cada uma vai proteger de um jeito. Mas estudos mostram que sua proteção é inferior às máscaras PFF2 (das quais falarei logo);
  2. Elas não vedam completamente o rosto. Sempre há brechas onde o ar pode entrar. Assim, embora ainda ofereçam algum grau de proteção em uma área grande de nossa face, há espaços desprotegidos onde o vírus pode entrar;
  3. A proteção de máscaras de pano é apenas mecânica, sem proteção eletroestática. A proteção eletroestática é importante para garantir proteção a partículas menores, como aerossóis.

Por isso, em situações de alto risco (ambientes fechados ou aglomerações), talvez a melhor opção que temos hoje seria o uso de EPIs.

Devemos começar a usar EPIs

Nem todo mundo está habituado à sigla EPI. EPI significa Equipamento de Proteção Individual. EPIs são equipamentos obrigatórios para quem vai desempenhar alguma tarefa que ofereça risco. Quem já teve a oportunidade de entrar ou trabalhar em uma indústria, já teve que utilizar um EPI: seja um protetor auricular, um capacete ou uma bota protetora.

O uso de EPI é obrigatório em trabalhos que ofereçam risco. Por exemplo: em indústrias, é necessário que se utilize botinas de proteção especialmente desenvolvidas para as tarefas sendo realizadas naquele ambiente (por exemplo: que protegem contra quedas de componentes pesados ou que não permitem que líquidos nocivos entrem em contato com a pele).

Então toda máscara é um EPI, já que ele é individual? Não. Existem máscaras EPIs e máscaras que não são. Isso pode parecer confuso, mas diferenciar um EPI de uma máscara normal é simples: EPIs, para serem classificados como tal, são testadas pelo Inmetro seguindo critérios estabelecidos pela norma da ABNT correspondente e recebe um Certificado de Aprovação, ou CA, pelo Ministério do Trabalho. 

Máscaras que são EPIs são chamadas de PFF (Peça Facial Filtrante) e, dentro da terminologia técnica, são referidas como respiradores semifaciais. Para receberem um CA, as máscaras precisam atender a norma NBR 13698:2011.  Quando a PFF passa nos testes e segue os critérios estabelecidos pela norma, ele recebe o CA. 

Ou seja: para saber se a sua máscara é um EPI, ela precisa ter um CA.

Hoje temos três níveis de certificação dentro da norma de EPIs: PFF1, PFF2 e PFF3. Apenas PFF2 e PFF3 protegem contra bioaerossóis. Essas certificações apresentam diferentes níveis de eficiência:

  • PFF1: Recomendado para proteção contra poeiras e névoas. Possui eficiência mínima de 80%.
  • PFF2: Recomendado para proteção contra poeiras, névoas e fumos. Possui eficiência mínima de 94%.
  • PFF3: Recomendado para proteção contra tudo o que a PFF2 protege mais agentes desconhecidos. Possui eficiência mínima de 99%.

Ao contrário das máscaras caseiras, essa eficiência é atestada por controle de qualidade e certificação Inmetro.

Note que a certificação de PFF2 por si só não indica a proteção contra agentes biológicos e vírus. Existem também máscaras PFF2 hospitalares que são aprovadas também em testes de projeção de fluídos - além da capacidade filtrante já citada. A capacidade filtrante do tipo hospitalar é idêntica a do tipo regular. Essa capacidade filtrante é suficiente para proteção contra bioaerossóis.

Qual a tecnologia das máscaras PFF2? Por que elas são melhores que as máscaras de pano?

Máscaras de pano oferecem proteção apenas mecânica: apenas as partículas que se chocarem com as fibras serão filtradas. Máscaras PFF2, por sua vez, possuem uma carga eletroestática que puxam as partículas para as fibras. Esse vídeo do Minute Physics explica a física por trás das máscaras (deixe a legenda em português ativada):

Embora em inglês, o New York Times também tem uma matéria excelente falando sobre como máscaras N95 (a PFF2 deles) funcionam

PFF2 (S) e PFF2 (SL)

A PFF2 tem duas subdivisões: (S) e (SL). A mais comum, a (S), serve para proteção por partículas sólidas a base de água. A (SL) é recomendada para ambientes onde há óleo. No nosso caso, devemos usar a (S), que é a mais comum.

Máscara com ou sem válvula?

Vocês já devem ter notado que existem máscaras PFF2 com e sem válvula. Devemos usar as máscaras sem válvula. O motivo é que a válvula é uma válvula de expiração que abre quando você expira o ar: se você usa uma máscara com válvula, você permite que o ar que você expira saia sem passar pela filtragem e assim você não impede a propagação das partícular que você está exalando.



Máscaras PFF2 com e sem válvula. Na esquerda há uma máscara com válvula e na direita há uma máscara sem válvula.

Máscaras PFF2 tipo concha com e sem válvula. Na esquerda (A) há uma máscara com válvula e na direita (B) há uma máscara sem válvula. Fonte: https://www.researchgate.net/f...

Qual a diferença entre KN95, N95 e PFF2?

KN95 é uma nomenclatura chinesa. N95 é a norma americana. PFF2 é a norma brasileira. A norma chinesa KN95 é a mais branda, permitindo por exemplo elásticos na orelha que oferecem vedação menor. As normas N95 e PFF2 são semelhantes, sendo que a americana é um pouco mais exigente (exige 95% ou mais de capacidade filtrante contra 94% ou mais da norma brasileira).

Porém, por estarmos no Braisl, apenas a PFF2 tem controle de qualidade do Inmetro e CA. Para evitar pirataria e garantir qualidade, procure sempre por máscaras PFF2 que tem CA. A máscara pode ser brasileira, americana ou de qualquer outro país: se ela se adequar à norma brasileira, ela vai ter CA. CA é a garantia de controle de qualidade. Procure sempre pelo CA.

Tipos de máscara: dobrável (bico de pato, aura) ou concha?

Existem dois tipos de máscaras: dobrável (que pode ser bico de pato, aura etc) e concha. Não há diferença de capacidade filtrante entre os tipos. Se a máscara é PFF2 e tem CA, ela vai te proteger. Sendo PFF2 com CA, escolha a máscara que mais se adapta a seu rosto e a que você mais se sente confortável. É importante aqui garantir que a máscara vede o seu rosto, de forma que não seja possível escapar nenhum pouco de ar entre a máscara e seu rosto.

Foto com os tês tipos de máscaras disponíveis tipo PFF2. Na esquerda há o tipo bico de pato, no centro o tipo Aura e na direita o tipo concha.

Foto com os dois tipos de máscaras disponíveis tipo PFF2. Na esquerda e no centro há dois exemplos dobráveis e na direita um exemplo do tipo concha.

Qual marca devo comprar?

Você também vai notar que existe uma infinidade de marcas de máscaras PFF2. Vale aqui o mesmo que para o tipo de máscara: se a máscara é PFF2 e tem CA, qualquer uma serve. Ter CA e passar pelos testes do Inmetro significa que rigorosamente a máscara atende a NBR 13698:2011. Procure primeiro uma máscara que vede completamente o seu rosto, de forma que não seja possível escapar nenhum pouco de ar entre a máscara e seu rosto. Depois, procure a mais confortável para o seu rosto e para o seu bolso. Existem hoje modelos de 2 ou 3 reais ou de 10 reais. Compre algumas de diferentes tipos e veja a que você gosta mais!

CA é um número que deverá aparecer na descrição do produto ou na embalagem do mesmo. Se na descrição ou embalagem não haver indicação de CA, é porque o produto não tem registro do Ministério do Trabalho. Sempre que o produto tem CA, ele está disponível na descrição do produto. 

Pense em carros com Airbag: o jeito de saber se um carro tem ou não Airbag é procurar pelo painel: se não estiver escrito a palavra Airbag em vários lugares e de forma bem visível, o carro não tem Airbag. Isso acontece porque ter Airbag é um diferencial para muitas pessoas que querem comprar um carro, na mesma forma que ter CA é também um diferencial. Quando falamos de segurança ocupacional, empresas que - quando necessário - não forneçam EPIs com CA para seus funcionários podem ser autuadas pela Justiça Trabalhista. Por isso máscaras sem CA não são fornecidas em hipótese alguma.

Foto de uma máscara PFF2 na embalagem com o CA grifado. O CA é um número de 5 dígitos.

Foto de uma máscara PFF2 na embalagem com o CA grifado.

Você também pode consultar o CA do EPI nesse site.

Onde comprar PFF2?

Geralmente, máscaras PFF2 são vendidas em sites de ferramentas e EPIs. O site PFF Para Todos possui uma lista de vários vendedores de máscaras PFF2. Uma dica para achar essas máscaras, é pesquisar substituindo o termo máscara por respirador. Alguns sites de EPIs colocam a listagem do produto com o termo técnico e não o nome popular. 

Eu já comprei no Super EPI e na AZEFIX e não tive nenhum problema.

Em Marketplaces como do Magazine Luiza ou do Mercado Livre há essas máscaras também. Apenas fiquem atentos em garantir que a máscara é uma PFF2 e tem CA. 

Comprei uma PFF2. Como uso ela corretamente?

Usar uma PFF2 corretamente é muito importante. Colocar ou retirar a máscara de forma inadequada pode fazer com que uma superfície infectada toque em você de forma com que você fique infectado também. Não só isso, colocar um EPI exige uma forma correta para garantir que ele ofereça toda proteção necessária.

PFF2 foi feita de forma a garantir que parte de seu rosto fique coberto e vedado pela máscara. Não deve haver nenhum buraco ou espaço entre seu rosto e sua máscara. Todo ar deve passar pela máscara para que ela possa filtra-lo. 

Para isso, para homens, tenho uma notícia ruim: é necessário que a barba esteja feita ou no mínimo curta. Sim, infelizmente, isso é necessário. Em empresas onde o uso de máscaras é necessário, seus funcionários são obrigados a mantê-las curtas. Uma barba grande pode prejudicar a vedação necessária e diminuir a eficiência da PFF2.

Existem vários tutoriais no Youtube ensinando a colocar adequadamente uma PFF2. Pesquisem pelos tutoriais dos fabricantes. Toda técnica de colocação é relativamente parecida, independentemente do tipo ou marca da máscara. O importante é sempre garantir:

  • Que a máscara está vedada;
  • Que você não tocou na parte interior da máscara;
  • Que você não tocou na parte exterior da máscara e depois tocou em suas mucosas;
  • Que você não perdeu o controle da sua máscara e ela se arrastou em seu rosto;
  • Que antes e depois de você tocar a máscara, você tenha higienizado suas mãos.

Aqui um vídeo explicativo de como colocar uma máscara 3M dobrável (bico de pato).

Devo usar PFF2 100% do tempo?

Como as máscaras ainda estão escassas, o ideal é tentar reduzir o uso delas. Primeiramente, não há necessidade de se utilizar uma em casa convivendo com seu núcleo familiar se ninguém tem sintoma ou foi exposto a alguma situação de perigo do novo coronavírus. 

Em um segundo ponto, eu diria que é necessário entender quais são os ambientes mais perigosos para propagação do coronavírus para que se possa decidir quando deve-se utilizar as máscaras PFF2.

É seguro reutilizar uma PFF2?

PFF2 são descartáveis e não foram feitas para o reuso. Porém, devido à escassez, os próprios fabricantes estão sugerindo o reuso das máscaras. Uma máscara PFF2 bem cuidada, se reutilizada, é ainda muito mais segura e eficiente que uma máscara de pano.

Ainda assim, não se deve usar a mesma PFF2 por dois dias seguidos. Isso acontece porque ela pode estar com o vírus em suas fibras e mesmo que ela seja feita para que a partícula fique presa a ela depois de capturada, a partícula pode se soltar e infectar o usuário. Assim, o ideal é deixar as máscaras de quarentena por no mínimo 3 dias antes de reutilizá-las.

Peter Tsai, inventor da tecnologia utilizada nas máscaras PFF2, recomenda o reuso da máscara a cada 3 ou 4 dias. Se preferir, por questões de organização, pode-se deixar 7 máscaras disponíveis e utilizar uma em cada dia. Uma sugestão é marcar a máscara com uma caneta colorida no elástico, para diferenciar o dia em que a máscara foi utilizada.

Quando devo parar de reutilizar uma PFF2?

Quando ela não estiver vedando bem ou estiver suja ou danificada. Há uma série de fatores que podem influenciar na degradação da capacidade filtrante da máscara. 

O Instituto Nacional de Segurança Ocupacional e Saúde dos EUA recomenda o descarte das máscaras após 5 usos. Note que, o contexto em que a reutilização é sugerida é em ambiente hospitalar com uso estendido. Caso o uso da máscara seja menor e menos intenso (como apenas ir ao mercado ou buscar a correspondência), é possível reutilizar a máscara por mais vezes.

Como cuidar da PFF2?

Como PFF2 são descartáveis, elas não foram feitas para o reuso: assim, não é possível lavar ou molhar as máscaras, correndo risco de perder o efeito do filtro eletroestático, o mais importante deles. Em hipótese alguma, pode-se usar álcool na máscara, pois isso irá destruir sua proteção e inutilizá-la. Já quanto a umidade ou suor corpóreo, não tem problema: elas foram feitas para serem usadas por longo períodos em ambiente industrial e estão preparadas para isso.

O ideal é deixar ela descansando em local arejado e longe do sol e da chuva.  Cuide bem da sua!

A máscara X é melhor ou pior que a PFF2?

Ela é EPI? Tem CA? Se não tem, é pior. Vale para toda e qualquer máscara. Para todo e qualquer tratamento. De toda e qualquer marca. Não importa quão bonita seja a máscara, quão incrível seja a empresa ou quão interessante seja a propaganda: se ela não tem CA, ela não é um EPI. Prefira sempre EPI com CA.

Nem as máscaras virucidas?

O tratamento virucida é um tratamento para eliminar o vírus de uma superfície. O problema desse tratamento em uma máscara de pano é que, como a máscara de pano não veda como a PFF2, o vírus ainda pode entrar e contaminar o usuário. Então, não, máscaras virucidas são menos seguras que EPIs.

E máscaras de tricô?

Hahahahahahahahaahahah. Ai ai. Não.

Onde encontrar mais informações?

Eu sou apenas um cientista da computação tentando ajudar como posso. Para encontrar mais informações, visite:


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